Ao ano que nasce



Mais um ano se termina e outro se prepara para nascer, e como numa das músicas natalinas, eu te pergunto: o que você fez?

Não gosto de final de ano, a sensação de término, seja do que for, me deixa sem lugar, e eu fico vagando nos meus pensamentos reflexivos, e esta pergunta que te fiz é o que me deixa sem rumo e me perco numa resposta direta.

Nessa época se cuida de ir construindo novas metas a serem atingidas, mudanças que pretendemos fazer aqui ou ali, desejamos saúde, amor, dinheiro, paz, felicidade, sorte. E para cada um desses desejos se arruma uma cor, aí vem aquelas simpatias, os pulinhos de onda quando se dá os esperados quatro zeros no ponteiro do relógio. E diante disso tudo, eu paro e observo. Observo o quanto a perspectiva do novo é atraente, o depósito de almejos que se faz, deixando para trás o velho com o passo projetado para o novo.

Atenção! Abra a mente para o que vou lhe dizer agora, não é pessimismo, é realidade, pois não acho que uma virada de ano é capaz de mudanças bruscas. Viramos a folhinha do calendário e a semana começa normalmente, com contas a pagar, compromissos programados, rotina a seguir, até que o 2013 fique amigável e a gente vai se adaptando e deixa de colocar a data errada em cheques e provas. Vamos esquecendo ou melhor, procrastinamos nossas metas construídas lá no dia 31. 

Suponho que a vibração que se deposita nessa época deveria ser posta sempre em todos os dias do calendário. Qualquer dia é dia de mudar, esperar um ano pra se erguer junto pode ser perca de tempo. Para mim não passa de datas e números temáticos, a mudança é bem vinda em qualquer dia, quando se tem junto a ela, determinação de realização, e isso não vem no dia 1, vem é de dentro da gente, quando resolvemos arriscar e confiar no fazer e deixar acontecer. Se o ano novo te impulsiona à isso, eu te desejo um feliz ano novo durante todo dia. Que você possa abraçar e desejar o bem, não só numa noite festiva, mas para o teu próximo que de tão próximo fica invisível e você o esquece no dia a dia.  Traga as cores simbólicas, os desejos, as saudações positivas para o resto do ano, e que elas fiquem presentes e  vibrem com toda energia até serem recicladas na próxima véspera de ano novo. 

E o que eu fiz? Me entreguei ao que me deu vontade, nessa luta constante de sonhos, fui derrotada algumas vezes, venci noutras, com a opção de mudar sempre que eu pretendesse, sendo dona de mim mesma e tornando responsável pelas consequências dos atos e responsável também por intervir e transformar o que não vai bem.

E que 2013 seja também um ano apocalíptico, pois chego à conclusão de que quando se tem um fim à vista, as pessoas tratam de se planejar e passam a despertar para a vida. Por isso peço que você não espere o despertar, fique com o alarme tocando sempre, corra enquanto há tempo, porque a vida aqui, tem data marcada para encerrar.

Traça as metas na mente e que elas saiam de lá em forma de atitudes. O novo ano não será diferente, se você não fizer a diferença. Torço para que você recomeçe, independente do ponto de partida. O meu desejo é que permaneça meu pedido sincero após o dia 1, e que dure durante os 365 dias restantes, então deixo escrito aqui e espero que se realize!



Vitrine de Natal

 
Nessa época de correria eufórica, onde a população faz uma maratona rumo às compras, onde as lojas entram no seu período fértil, onde as luzes coloridas enfeitam a paisagem, eu me retiro do clima e vejo por um ângulo que poucos veem. Minha vitrine de natal não é tão bonita para uns, mas para meu espírito que nessa época se encontra em estado de sensibilidade mais aflorada, é a que se enfeita melhor.
 
Por detrás da vitrine, observo aqueles que não tem casa, que passam fome, enquanto famílias estão em suas casas fazendo seus banquetes especiais, vejo aqueles que passam frio, necessidades básicas e dignas enquanto outros desfilam por aí com etiquetas pregadas até na alma, fazendo propaganda  para marcas famosas, esbanjam dinheiro no supérfluo onde mostrar o que se tem é mais importante que fazer o bem. Observo pessoas solitárias que não tem nem o fiel amigo do homem para companhia, e que ficam deslocadas em seus sofás, assistindo à programação sensacionalista da TV, enquanto famílias inteiras se reúnem. De um lado dá pra assistir a tristeza e angústia, e de outro a felicidade e a realização. Nos gestos e palavras, percebo a humildade e sinceridade embutidas, mas também  há uma descarga de falsidade e ego lançados por aí.
Olhar as mazelas enquanto a maioria só vê beleza, dá um aperto no peito e um vazio inexplicável, sei que sinto um pouco as dores do mundo.  Daí fico no meu canto, sentindo apenas, porque tentar falar e se manifestar pode parecer maluquice numa sociedade ególatra onde o individual é o topo da pirâmide. E o que eu faço?  Me camuflo, participo dos dois lados da vitrine, o que há por trás e o que há por fora dela. E fico pensando qual é a realidade pura, pois parece que em tudo há máscaras de disfarce onde o real é despistado mesmo que sutilmente. Acho que isso é a realidade inventada, realidade programada onde uns se enquadram outros não. As pessoas acham bonito doar cestas de alimentos, doar brinquedos para crianças carentes, fazer visitas aos esquecidos, parece que é um status da época, bonito é, mas é uma atitude de data, quem dera se fosse sempre, aí sim seria uma boniteza, mas quando se passa o período é raro se ver tais acontecimentos sendo praticados.
Encantador é a inocência das crianças. Aquela fantasia mágica de acreditar em papai noel, imaginação que voa longe e livre. Tem que se comportar o ano inteiro para ganhar o presente que se pede nas cartinhas endereçadas ao velhinho bom que mora lá no pólo norte e que virá na noite de natal pilotando suas renas no céu , descerá a chaminé com um saco lotado de presentes .Aí os pequenos custam a pregar o olho de tamanha ansiedade, ficam apreensivos para amanhecer logo e correr rumo à árvore natalina, fazendo a colheita dos presentes. Chegam com aqueles olhinhos que brilham tanto e aquele sorriso gostoso estampado no rosto angelical, como se o mundo todo estivesse empacotado ali. Observando e lembrando dá nostalgia que aperta, mas que conforta e eu resgato um pouco essa mágica que brilha diante dos meus olhos. Tento carregar valores da infância que tive e que independente da fase que eu esteja, não me esqueça da criança que um dia fui e que essa foi uma fase sem maldades e que eu nunca corte essa raiz.
O meu lado da vitrine é triste né? É esta a sensação que tenho de natal, ainda não achei a essência, deve ser por me preocupar demasiadamente com tais situações que se passa nessa vitrine dupla face, e me perco de um significado exclusivo, adaptado para mim. Mas diante de tudo, sinto uns com energia de coração puro, onde a sinceridade e magia me contagia. E eu capto. E você o que vê?
 

Pseudoprofecia

 
As pessoas se prendem em horóscopos, bola de cristal, cartomante, jogam moeda na fonte, fazem pedido para estrela cadente, como se tudo isso desse segurança e trouxesse a certeza absoluta sobre tal acontecimento premeditado. Quantos possíveis fins de mundo já houve?
 
Desde o início dos tempos há profetas marcando e projetando um apocalipse. O que é o fim para você? E o início? Quando você nasce e quando você morre? E no intervalo desse meio tempo? O que você faz? O fim nos cerca dia a dia, ciclos se interrompem, fases se encerram e vem a iniciação do novo de novo. O ser humano com sua engenhosidade está sempre transformando o espaço em que vive, uma adaptação é sempre o jeito prático de se inserir na sociedade. O fim do mundo não acontece num passe de mágica, onde tudo sem mais nem menos vai se desmoronar e se vê toda aquela paisagem exagerada e surreal do filme 2012.
 
O fim do mundo acontece nitidamente aos meus olhos, cada vez que as atitudes humanas desrespeitam a moral. Os costumes estão se suicidando e os bons modos descansando em paz. A vida só é vida quando vivida, e muitos se perdem, se isolam no seu universo solitário, fim do mundo é isso, interior desgastado. O mundo se acaba dentro de umas pessoas, que se perdem dentro de si mesmas e não conseguem se encontrar, a graça das coisas do mundo se perdem e aí cadê o sobrevivente para o resgate? Uma mão estendida nesses momentos é o início, enquanto a ignorância é o fim.
 
Se o mundo acabasse hoje, não me arrependeria, pois vivo no hoje tranquila sem me prender ao amanhã, este que não pertence a mim nem a ninguém. Eu me permito sempre, acho que este é o segredo, o método mais eficaz para trilhar um caminho satisfatório sem agarrar às previsões traçadas.
 
Tenho a convicção de que quem faz o meio são os integrantes que o ocupam. Nosso mundo atual é reflexo das pessoas que o habitam. Então quem é que precisa mudar, o mundo ou as pessoas? Em pleno século 21, se vê o preconceito besta, o orgulho bobo, a vulgarização de sentimentos, a crueldade, as más notícias estampadas nos jornais, isso sim é o fim do mundo, e não está marcado só para o dia 21 de dezembro de 2012, fica agendado em todas as datas disponíveis e acontece todo dia para quem sente, vê e não entende.

Livre, Leve e Solta!

 
 
Estou me livrando de tormentos perturbadores, paixões caóticas e todo o pacote lotado dessas pragas. Me sinto livre, leve e solta, meus pensamentos flutuantes se encontram estabilizados, estou suavemente realizada, não importa que horas são , que dia é amanhã, as tarefas diárias? Trato de mudar a ordem do quebra cabeça que já decorei as posições, reposiciono do jeito que eu bem entender. Entre minhas prioridades está em primeiro lugar meu talento incrível para não fazer nada e deixo as vontades gostosinhas tomar conta de mim. Ingiro bombas calóricas, doçuras exacerbadas, e nada disso perturba minha consciência.
Estou indo bem, obrigada! Preferindo não dar funções aos feitos. Enquanto me situo nesta fase, não vejo problema em prolongar o período de validade, o prazer de coisas pequenas me dominam e posso sentir o gosto de felicidade da forma mais gratificante: estou na boa comigo mesma e que se danem pensamentos alheios, não vou congelar meu rosto em expressões torcidas, vou exercitá-lo com sorrisos, gargalhadas disparadas, adoro isso e penso ser a melhor forma de evitar o acúmulo de dobras rugosas daqui alguns anos. Prefiro, ao invés de lamentos mórbidos, complicações chatas e as velhas reclamações. Faxinar, espanando pós e jogando fora as trincheiras guardadas. Fiz isto, me desapeguei de balangandãs, encostos e tralhas pesadas, agora está tudo limpo, me encontro em paz e já me vacinei de acumulação precipitada de “relíquias’’ antigas que só formam poeira e me causam náuseas devido à repetição de utensílios arcaicos e tanta decepção impregnada.
Me sinto como um balão, por dentro entro em combustão, por fora pareço leve, prestes a alcançar o céu, subir cada vez mais alto, sem perder a direção ou causar explosões, alçar voos prolongados e permanecer nas nuvens é meu objetivo por agora. Me renovo, olho para a cima e sinto a intuição batendo no peito, o corpo firme e forte com o pé na frente para os próximos passos incertos, mas acredito passar por paraísos melhores a cada dia, se a vacina cumprir seu efeito, estarei livre para poder respirar ares sem correr o risco de contaminações indesejadas!
As vezes me sinto como uma brecha procurando o encaixe. Estranho né o espaço vazio procurar um meio. É a mania de encontrar sabe se lá o que e sabe se lá onde. Creio que não sou a única nesse desvairo que surge do nada e dá essa sensação. Vazio? Não, isso me transborda de questionamentos interiores. Vazio é anestesia geral de alma e mente.
Difícil quando alguém perde o rumo e vai se desviando do nosso caminho, quando vai fazendo o distanciamento ficar mais comprido a cada dia que passa até se perder de vista aquilo que se tinha à frente. Mais difícil ainda é quando esse alguém é você.

Desnudando Sentimentos


Não é fácil pôr as ideias no papel, ainda mais quando elas saem das emoções que a gente cria lá no cérebro e que o coração transporta pelas veias.

É uma exposição que merece roupas, pois me sinto nua quando exponho sentimentos, a gente vai tirando a roupa que tem de proteção pra deixar à mostra a alma. É falta de privacidade no início até que vira falta de vergonha por prática. Resolvi perder as roupas e a vergonha e mostrar um pedaço de mim. Não sei me definir, sou um quebra cabeça de tantas peças espalhadas que uns até desistem no começo mesmo. Me conquistar demora, pois não digiro coisas instantâneas, meu sistema é lento, vou digerindo com o acúmulo de coisas armazenadas que se deposita em mim. Testo com o convívio, caras e bocas pra mim é só ilustração, a interpretação vai além.

Teria que formar um neologismo híbrido das palavras:amor, paixão e fascínio, para tentar expressar o que sinto pelos livros, pela mente e comportamento humano, mas não consegui tal ventura, vai além de mim. Pretendia com essa reunião de palavras algo que formaria e definiria um sentido, mas esse sentido expande qualquer limite.

Foi aí que eu desisti de achar fórmula exata dos sentidos que me rondam e resolvi então sentir livremente por dentro, e o que der pra ser traduzido aqui fora, traduzo, tentando manusear sentimentos em palavras. Me acompanha na tradução?!

O que é Catarse


Um dos sentidos da palavra Catarse, é a liberação de pensamentos e idéias que estavam reprimidos no inconsciente, seguindo-se alívio emocional. Descarga de sentidos e emoções. O que Freud chamou de ''a cura pela palavra'' e Aristóteles de''limpeza da alma''. E eu, faço da escrita, minha catarse.