Meu conto, eu te conto



Quando criança, a menina ouvia e lia as histórias dos contos de fada. Aproveitando a inocência da fase, acreditava na magia que havia, como as princesas esperavam o beijo encantado, ela esperava se casar um dia com o príncipe vindo galopando em seu cavalo branco. O fascínio, faiscava diante dos teus olhos que se acendia e brilhava como os pirimpimpins da Sininho. Queria se casar um dia e viver feliz para sempre, mas tinha medo de deixar a infância encantada, onde suas bonecas criavam vida e brincava-se de fingir isso, fazer aquilo. Acreditava que Peter Pan viria voando e a levaria para a Terra do Nunca e assim realizaria seu desejo de ser criança para sempre. Ela não fazia o tipo de nenhuma princesa que conhecia, era ansiosa demais  para esperar um beijo ou sair beijando sapos. Tinha medo das bruxas, por sua maldade disfarçada. Queria era ser fada, ter asas e voar.

A menina cresceu, encontrou um suposto príncipe numa mesa de bar, se apaixonou de primeira, construiu um castelo de sonhos e planos, depositou a confiança na torre que logo depois se desmoronou, como castelo de areia que basta um empurrão. Foi feitiço da bruxa má, pensou. A moça coitada, entrou na Síndrome Bela Adormecida, feriu-se com seu dedo podre e caiu em sono profundo pela vida, até que um dia tal sujeito apareceu e sabe se lá com qual desculpa, a fez crer que com ele tudo seria diferente. Adquiriu o transtorno Cinderela, custou a sair de casa por um período, e quando resolveu dar as caras  fez uma super produção, no meio do encontro seu celular toca, era seu pai com seus horários programados para retornar, desesperada, sai correndo e esquece o sapato no banco do carro de fulano, que no dia seguinte bate na sua porta fazendo a entrega domiciliar; quem atende? O furioso sogrão, e pior, o sapato serviu. Pegou o amor-próprio Branca de Neve, no início virou alvo de inveja e foi perseguida por seguidoras que se ‘’achavam’’, queriam ser ela, mas ter tal personalidade era exclusividade etiquetada, não aceitou falsidades embutidas, ou era ou não era, não morreu graças à isso e nem precisou ter a vida devolvida por um beijo de amor verdadeiro, preferiu a amizade verdadeira  dos seus 7 amigos homens. Atingiu a superação Rapunzel, ficou isolada por um tempo, decidiu reservar tempo para si própria, esperou as madeixas crescerem, produziu um look de arrasar corações , mudou o visual, caprichou no make, fez uma revolução por fora e dentro de si quando virou as costas com charme para o sujeitinho mequetrefe que a desvalorizou.

A menina virou mulher, e agora quer um homem que já parou de brincar e deixou a molecagem lá na infância. Depois de todos os amores quebrados, príncipes desencantados, resolveu parar de seguir a linha Era uma vez, casaram e viveram felizes para sempre. Queria é calçar as botas mágicas do Pequeno Polegar e viajar mundo afora. Então pegou a mala e partiu sem rumo, buscou se entregar e deixar rolar, escrevendo sua própria história sem clichê, está solteira e vive assim enquanto der, pois no fim daqueles roteiros se conta o mesmo desfecho e nunca o que vem depois dos felizes para sempre, e  ela duvida dessa felicidade sem deslize, marcando presença constante nos relacionamentos a 2.

Ela não quer príncipe, prefere o caçador, pois combina melhor com seu estilo de adrenalina, não quer morar num castelo, quer é se ajeitar numa cama, ter alguém do lado pra dormir abraçada e se sentir segura disso, troca um guarda roupa cheio de vestidos exuberantes por uma estante de livros pra vestir a imaginação. Ela não ambiciona o felizes para sempre, ser a feliz no agora já a satisfaz. Ela não tem a delicadeza e bons modos de uma princesa, nem finge que tudo esta perfeito quando tudo está imperfeito, ela é desastrada, fala palavrão, é sincera, pois aprendeu com Pinóquio que o nariz cresce quando se mente. Ela não se espelha em clássicos, segue o descomunal, acha Fiona interessante, acredita que daria uma boa amiga e renderia bons papos. É irmãos Grimm, Charles Perrault, e seus outros companheiros, tenho uma notícia a dar:  pelo que ela vê nos filmes e na vida real, os papéis agora andam se invertendo, a princesa agora é guerreira enquanto o príncipe dorme esperando pelo beijo.

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