Ás vezes me
pego pensando no tempo, este que nos acompanha dia a dia, colado no braço,
gravado na tela principal do celular e fazendo jus ao prego martelado sem dó
nas inúmeras paredes que nos cercam. Esse intrometido que se divide em tempo
psicológico, estabelecido pelas nossas vontades e o social marcado pelo relógio
e pelas datas-limite. Contendo várias morfologias e personificações, com o
amanhã é severo, com o ontem é cobrador e com o hoje é calmo, fazendo a
procrastinação tomar conta do espaço presente. Pelo jeito muitos não sabem se
amigar a ele no quesito simpatia quando as fases da vida vão se alterando.
Aparece uma dobrinha cá e lá, uma linha ali e aqui, cabelos a menos numa cabeça
que já andou a mil e que agora perde a cor das madeixas; e tudo isto já é
motivo de briga inútil por algo tão natural. Os reservados do banco ficam de
plantão sentados, e quando chega a vez de entrar em jogo, não estão preparados
pois o que sabiam fazer era esperar o amanhã chegar e confiar que ali parados
iriam conseguir atuação facilmente. Engano piedoso.
Á um tempo,
o tempo me trouxe uma frase vinda por quem me machucou muito, ela trazia o
aviso de que o tempo não para, para que eu possa consertar meu coração. Achei
interessante, inesperado, fiquei surpresa, alias é mais construtiva do que
aquela velha e cansada frase garantindo que: TUDO PASSA. Como assim passa? A
vida por acaso é uma peneira sem furos onde tudo de ruim passa sem a devida
filtração? Não concordo nesse tudo passa, pois o tudo deve ser moderado ao
falar, trata-se de uma palavra abrangente que muitos não se dão conta do que
ela carrega em seu significado específico para cada pessoa. A vida deve ser
como uma peneira contendo os seus furinhos, barragens pra todo lado, esperando
o destrinche de toda e qualquer situação; abaixo fica o recipiente pronto para
receber a solução límpida. Venha o que vier, os furos devem se manter firmes,
cumprir seu papel para não deixar sair no final uma solução suja, indigna de aprendizados.
Na prática
de vida, experimento a opção de que o tempo não para, para que eu possa consertar meu coração,
porque ele não para de fato, continua seguindo seu curso normalmente, eu sim
posso desviar do curso e optar parar enquanto ele anda, daí perco o andamento
em volta e fico atrasada em relação aos demais ocupantes, mas o tempo corre,
sem interrupções, na velocidade constante e não espera por ninguém. Consertar o
coração é tarefa de se fazer sempre, reparar sentimentos, equilibrar emoções
deve ser execução diária, sem falta, caso contrário a falta da limpeza se torna
sujeira impregnada, interminável, que leva tempos para sair ou diminuir, e
nesse intervalo, o mundo gira, as pessoas mudam, situações se invertem, os
sentimentos se alteram. Não há como sair
de um túnel do passado e querer mudar o presente, ele é feito por quem atua,
cai, levanta e entra em cena logo mesmo tendo que fazer um papel idiota numa
peça sem sentido. É bom já ir pensando no roteiro da peça para entrar nesse
teatro que é viver, somos atores onde a escolha do papel somos nós que decidimos.
Gente de verdade faz, aprende, ensina; errar e acertar é normal. Muitos deixam
de entrar em cena, pois desistem quando estão no palco, têm medo da plateia, ou
o que esta irá pensar sobre sua atuação. Uma dica: Não espere a cura imediata, pois
nos recompomos pouco a pouco, e evoluímos conforme nossa postura diante da
marcante presença em todas as horas, que nos desafiam com suas situações a
enfrentar.
O tempo pode
ser TUDO, mas o tempo que você passa reclamando é NADA. Perca de tempo é perca
de vida, pois esta é feita dele, a cronometragem é a mesma para todos, a
utilização desta já é questão de organização consciente. Se deu tempo ou não, o
responsável não é o tempo, e sim do seu gerenciador, não adianta jogar a culpa
nas ocasiões, porque quem quer enfrenta qualquer como, arrisca e faz. Passe o
tempo que for, dure o que durar, sentimentos e estados de espírito não devem
ser ignorados. Fez parte do seu ontem, reflete no seu hoje que será talvez teu
amanhã. Sensações momentâneas passam, os restícios de lembranças ficam e se não
forem cuidadas com a devida atenção vira tormento e mal-estar. Trata de
resolver as pendências acumulativas, por mais que doa, arde mais quando se
transforma em problemas. Evita a dor de cabeça que dá para prevenir. Querendo
ou não, encarar e superar é o meio eficaz. O tudo não passa, ele se ameniza com
o passar do tempo, e apenas nos entretemos com o alívio temporário, este sim um
dia passa e aí o que fazer nesta hora? Devemos é agir mesmo que aos trancos,
persistir apesar dos pesares enquanto esperamos o resultado das nossas ações. TEMPO,
EIS AQUI TUA DICOTOMIA: ESPERAR E AGIR.
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