Meus
sentimentos são implícitos, não solto aos quatro ventos o que se passa por
dentro. Tenho medo de soltar e nunca mais voltar. Gosto de sentir, sou uma
mistura de sensações, tenho a sensibilidade aflorada. Quem me olha por fora,
não me olha por dentro. E quem me olha por dentro, leva para si um pouco da
essência do que sou. Posso ter a postura firme, olhar curioso vagando e
observando, tudo isto na minha, quieta no meu canto. Essa quietude de corpo,
inquieta minha alma e minha mente que se desentende com os quês e os porquês.
Sentimentos
são leves e pesados. Os meus são intensos. Quando sinto, a dúvida não é
bem-vinda, se ela estiver tem algo errado, porque sou inteira, é isso ou
aquilo. Mesmo que um sentimento não tenha descrição, os meus devem ser
consistentes. Se há dúvida não há sentimento, pois não me questiono, me
entrego. Não ofereço amostras do que sinto, pois o que guardo comigo é uma
coisa só, e distribuo em doses quando achar que é o momento certo. Sigo minha
intuição sempre, prefiro falhar seguindo o que sinto do que vencer seguindo
manuais.
Cada
um tem um jeito de se mostrar, me refiro à mostra de sentimentos como quando a
gente vai tirando a roupa de proteção, deixando a alma à mostra. Uns se sentem
a vontade, outros não. Para mim, desnudar sentimentos não é tarefa fácil, vou
aos poucos, preciso ter certeza do que sinto, não mostro o que está em falta no
estoque, gosto de garantia válida, se existir esta, me vendo. Não quero é
passar vergonha, fazer propaganda falando que sinto aquilo, procurar para
mostrar e ver que acabou e está em falta. Valor para mim não é o mesmo que preço.
Aprecio as juras e valorizo as ações. Tem gente que já faz stripe, perdeu a
vergonha e tira toda roupa de uma só vez, vulgarizou os sentimentos. Falam,
falam, mas já são treinadas a apenas mostrar e não demonstrar. Eu me assusto quando vejo e ouço certas
palavras embutidas em frases. Me dá medo ouvir e ver um eu te amo, amor da
minha vida. Espera aí gente, as palavras para mim são como oração, tem um peso
gigante. Tem noção do que é amor? Já sentiu a imensidão que é este pequeno
termo, configurado em quatro letras? Eu que já senti tanto, chorei mais ainda,
creio que a essência desse sentir ultrapassa seu significado limitado. A emoção é inimiga de definição. Chega de
drama, você não vai morrer se aquele
‘’amor’’ acabar, se você tiver amor à vida é claro e uma pitada de bom senso,
ao perceber que o seu tempo é precioso para ficar afundando em fossa. Eu nem
deveria falar sobre sentimentos, é assunto pessoal, porque o que aqui escrevo é
um pouco do que sinto, e nosso sentir difere, nossa afinidade pode não ter
compatibilidade, nossos valores e históricos de vida não são idênticos, pode
ter uma rima cá e lá, mas o tom muda, o ritmo também.
Eu não sou
de agrados simultâneos, e não forço a barra pra nada, sou o que sou, até já me
entendi comigo sabe, gosto de ser assim, não sou perfeita, nem quero ser, sou
apaixonada é pela minha imperfeição. Não é nada grave, mas consertar o que sou
pelos moldes impostos, jamais. As vezes me sinto como se pertencesse a outro
planeta e até gosto de habitar o mundo das minhas fantasias, é bom passear por
lá. Tenho ideias malucas, sonhos grandes demais para o meu tamanho físico e
pequenos demais para minha imaginação fértil.
Cada sentir
é uno, se você tem facilidade de demonstrar ou não, isto é assunto particular,
ninguém sabe o que você já passou, e isto conta e muito no comportamento. Eu
respeito e me encanto com a variedade do sentir, só me espanto com os exageros.
Eu já amei, me apaixonei e sei que não tem medida de dosagem, mas quando eu
falo que gosto, pode acreditar e confiar, não brinco com sentimentos e quando
sinto é pra valer. Eu apoio a mostra de sentimentos desde que ela seja
verdadeira, desde que as palavras ditas sejam praticadas nas atitudes. Esta é a
chave do dilema, porque não estou querendo que ninguém guarde o que sente,
perceba a diferença entre o falar e o fazer, o falar é só falar, enquanto o
fazer...
Eu tenho meu
tempo de adaptação aos sentimentos, e tenho a maneira de lidar com eles. Se os
que estão à volta não entendem, nem eu sei dar explicações. Me entendo comigo
mesma, enquanto assim for está de bom tamanho.